Saudade (felicidade de passagem)

Joguei fora meu texto que tentava explicar o amor. Ele não dizia nada mesmo. Também rasguei aquele plano de vida que havia criado. Se a vida é uma caixinha de surpresas, do que adianta tentar adivinhar o que ela é?

Toda essa tentativa de querer expor tudo que vem à mente é apenas um teste. Caso não fosse, não estaria com a borracha na outra mão. Em um segundo, tudo pode mudar, mas o universo sempre fica. Fica guardado na cabeça, nela cabem mais coisas do que você pensa.

Memórias, é assim que funciona. Do que, eu não sei. Um mapa, cheio delas, com altos e baixo, com breves flashes do que foi e do que é alegre e também com o que é inóspito para nós.

Às vezes, a ponta fina e afiada também aparece. Pra transformar aquela infinidade de ligamentos em um único círculo ou em retas paralelas. Para correr e esquecer-se de tudo.

E eles vão correndo, até que…

Até que uma hora alguém ganha outros ventos para os pulmões, consegue distância e fôlego. Descansa com o cheiro das flores misturado com o que sai da pele, já molhada de suor.

Depois disso começa a chuva. A tempestade despeja a saudade e esta diz que vai embora. Vai porque se importa. Importa-se e é importante para que a tristeza não entre em cena e comece a contar a história dela.

Ela diz que é essencial ser assim, porque se não tudo cansa, porque caso não seja dessa forma tudo cansa e nada mais vale a pena. Por isso ela vai embora, ou melhor, dá umas voltas por aí.

Felicidade de passagem, saudade da história.

(Rafael Medeiros)

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