Era um banco de concreto, vazio, frio e duro que retratava perfeitamente o local ao redor. Fui descansar sentando nele, havia corrido muito e até continuaria se não tivesse caído junto com a minha bicicleta na rua toda feita de paralelepípedos no caminho. Quadradinhos chatos esses, não são? A única vantagem era que caso você me visse fazendo esse trajeto não conseguiria afirmar se eu estava tremendo de ansiedade e medo ou se era apenas o tremor feito pelo atrito. De uma certa forma essa dúvida que eu poderia causar era um alívio, porque eu não queria continuar pensando que somente eu vivia em um mar de dúvidas – não queria pensar que eu era o único.
Podia ser por causa do medo, da vergonha ou do estranhamento. Que seja, definia usando utopia como título sempre que me arriscava a pensar nisso.
Logo eu que nunca me fui de aventurar de tempos em tempos brincava com essa ideia de adorar o que não se concretizava e imaginava que podia contar as estrelas ao teu lado. O pior de tudo era que eu não sabia as conseqüências.
(Rafael Medeiros)